A sensibilidade do protagonismo feminino no desenvolvimento social de comunidades
É no sorriso e no olhar do outro que podemos compreender muitas coisas antes mesmo de alguma palavra ser dita. Talvez a correria do dia-a-dia ou a adoração voltada aos nossos celulares e redes sociais tirem nossa sensibilidade de perceber a mensagem enviada pelos atos de sorrir e olhar. Não enxergamos o nosso interior e o próximo com a devida atenção. Pode ser atrevimento ou pretensão dizer algo assim? Pode! Mas há como negar a existência disso? É óbvio que nada pode ser generalizado, mas ser negado também não. E quando pegamos no ar um desses sorrisos e olhares é preciso cultivá-los para que não se percam na nossa caverna. O protagonismo feminino.
Foi o que aconteceu em uma reunião que abordava economia popular e solidária, e empreendedorismo como estratégia para o desenvolvimento de regiões que convivem com a alta vulnerabilidade social. Entre diálogos e barulho de chuva estava Neide, a presidente da União Popular de Mulheres do Campo Limpo (UPM), que expressou o potencial da figura feminina para ser protagonista de sua própria história e em ocupar papel de destaque no desenvolvimento das comunidades onde vive. Seja por um simples ato de costurar ou de fazer trufas para comercializar e gerar independência financeira, ou de lutar por melhorias na região. O protagonismo feminino.
O protagonismo delas não é algo recente, muitas chegaram ao Campo Limpo quando o bairro começou a surgir, em meados da década de 1960, e ocuparam a linha de frente para exigir as melhorias que vão desde saneamento básico até construção de creches. A UPM nasceu no dia 08 de março de 1987 e desenvolve um trabalho que pensa na emancipação da mulher, na luta contra a violência que atinge este público, no desenvolvimento econômico e sustentável da região e nas atividades culturais da periferia. A necessidade é tanta que falta espaço para que todas as pessoas interessadas participem das atividades. O curso de corte de costura é um exemplo. Ele atrai porque permite que as mulheres tenham uma profissão e gerem renda no próprio habitat. Mas ele também foi importante para perceber o quanto o ato de costurar necessita ser acompanhado pela ampliação do conhecimento, afinal, para costurar é preciso ter uma mínima noção de escrita e matemática. Assim, surgiram os espaços para alfabetização de adultos.
As diversas medidas adotadas fogem do assistencialismo e fortalecem a ideia de transformação do território e do trabalho em rede. Assim como contribuem positivamente para a autoestima. São sementes que tentam ajudar na mudança do ambiente de violência e desigualdade social. E, seguindo o que foi escutado naquele ambiente da UPM, também há sementes para que os sonhos não fiquem apenas no ilusório, mas que aconteçam e sejam realidade. No entanto, há um longo caminho a percorrer e muitas ervas daninhas para serem retiradas. Um caso para ilustrar? A violência contra a mulher. Não apenas a física, mas também a psicológica, ambas muitas vezes exercidas pelo próprio companheiro. É a realidade de dormir com o inimigo. Diante de tantas questões complexas, o entendimento da grandeza dessas pequenas ações é absorvido por meio da sensibilidade de um olhar e da esperança expressada por um sorriso.
Créditos: Priscila Pacheco
Fonte: http://www.dreamngo.org/a-sensibilidade-do-protagonismo-feminino-no-desenvolvimento-social-de-comunidades/ acesso 08/03/2018
0 comments: